Sempre acreditei na possibilidade de danificação de perífericos através da energia estática, apesar das controvérsias. E Esse foi um post encontrado no "forumpcs", escito por Laércio Vasconcelos, Engenheiro Eletrônico e autor de várias publicações na aréa de "Manutenção de Computadores".
Vale a pena lêr.
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Apesar disso ocorre quase sempre no Brasil ou descuido total ou parcial a este respeito. Por exemplo, na maioria das lojas, os vendedores seguram memórias, placas, discos e outros produtos, sem nenhum cuidado. Entre os técnicos, os argumentos para justificar a falta de cuidado com descargas eletrostáticas (ESD) são vários:
a) “No Brasil o clima é úmido, e por isso a eletricidade estática não existe ou é muito pequena”.
b) “Sempre segurei as peças sem cuidado e nunca queimei nenhuma”.
c) “Eletricidade estática não existe, é papo furado”.
O argumento mais curioso que já ouvi de um técnico para a falta de cuidado é “essas placas já me conhecem...”.
Pode ser uma discussão valiosa tocar no assunto aqui no fórum e ver o que os diversos profissionais pensam sobre o assunto. Começarei por apresentar meus argumentos técnicos para os leitores comentarem:
1) É verdade que quanto maior é a umidade relativa do ar, menores são as voltagens estáticas acumuladas pelo corpo humano. Ainda assim, mesmo com a umidade, as voltagens não chegam a ser reduzidas a valores seguros. Sendo assim, porque os técnicos de Brasília não são todos extremamente cuidadosos com a estática?
2) Um chip que sofre uma descarga eletrostática nem sempre estraga de imediato. Depende do grau de sensibilidade do chip e da voltagem envolvida. A chamada “falha catastrófica” é a resultante de uma descarga que danifica um chip imediatamente. A chamada “falha latente” é aquela que danifica parcialmente o chip, que pode continuar funcionando normalmente durante mais algum tempo, antes de estragar definitivamente.
3) Quem já levou um choque ao tocar em uma maçaneta de porta, de ônibus ou automóvel, ou em um corpo metálico qualquer, como mesas e cadeiras? Isso mostra que as descargas eletrostáticas existem.
4) Na maioria das vezes não sentimos o choque, pois a descarga dura apenas alguns bilionésimos de segundo. Apenas quando estamos carregados com mais de 3000 volts chegamos a sentir o choque. Com 2000, 1000, 500 volts não sentimos choque algum durante a descarga. Mas um chip pode ser danificado com apenas algumas centenas de volts.
5) O que faz com que uma placa ou chip que não gere calor excessivo, como memórias ou placas de som, deixar de funcionar misteriosamente de uma dia para outro? Pode ser a “falha latente” causada por uma ESD durante a instalação.
6) Alguém já estragou um processador, memória ou disco rígido durante o seu manuseio? Pode ter sido uma ESD.
7) A eletricidade estática é completamente diferente da eletricidade dinâmica, como a das tomadas elétricas ou das saídas de uma fonte de alimentação. A eletricidade estática é um acúmulo de cargas elétricas positivas ou negativas (excesso de elétrons ou falta de elétrons), gerado principalmente por fricção de materiais diferentes. Este tipo de eletricidade não depende de um condutor elétrico para se propagar. Pode ser acumular em corpos isolantes elétricos, como plásticos. Alguns cuidadosos usam luvas de borracha durante o manuseio das peças do computador. Luvas de borracha protegem os circuitos da gordura e da umidade das mãos, mas não da eletricidade estática. As cargas elétricas ficam distrubuídas pela superfície do corpo, inclusive sobre a luva, que não dá proteção alguma nesse aspecto.
De todos os comentários que já ouvi de técnicos sobre o assunto, achei notável o de um que trabalha em uma loja no InfoCentro, no Rio. Perguntei a ele: “Porque vocês, técnicos, normalmente não se preocupam com eletricidade estática? Acham que ela não existe?” Ele respondeu que acredita nela, que é mesmo uma questão de mau hábito. Disse ainda que na frente do cliente, segura as placas pelas bordas laterais, mas no laboratório, segura de qualquer jeito. Com uma exceção: os módulos de memória. É que certa vez ele retirou um módulo de um computador para instalar em outro, e não funcionou. Ao reinstalar o módulo no computador original, viu que ele também não funcionava. Queimou o módulo e teve que pagar do próprio bolso, um Kingston de 512 MB. Daí em diante, memórias só com o máximo cuidado, como manda o figurino.
Fonte: http://www.forumpcs.com.br/coluna.php?b=129453
Autor: Laércio Vasconcelos